Uma boa história pode ser o melhor investimento da sua marca
Contar uma boa história sobre a sua marca pode ser o caminho mais curto para o coração do consumidor. E para dar um rumo à sua comunicação. Os empreendedores e em especial os produtores vinícolas que participam em feiras e provas sabem como é importante apresentar a sua marca de forma curta e clara. Seja perante simples curiosos, potenciais compradores ou parceiros.
Descubra o grande poder das pequenas histórias
Sem uma história por trás, um vinho é apenas uma bebida. As pessoas querem saber mais, mas têm a atenção dividida entre centenas de marcas. O sucesso depende de conseguir interessá-las em apenas 10 segundos e diferenciar-se da concorrência. De tantas vezes repetir a mesma informação é natural fixar uma narrativa – sobre a região, os hectares de vinha, a data de fundação, a família… Mas será que é isso que as pessoas procuram?
Num mundo onde há uma luta constante pela nossa atenção só fixamos o essencial
E ter mais ou menos 15 ha de vinha raramente o é… O que nos atrai é aquilo onde nos revemos, consciente ou inconscientemente. Buscamos emoção, queremos saber o que move a marca. E o que podemos ganhar com isso. Criar uma história encurta este caminho: dá humanidade à marca. Cria uma narrativa onde as pessoas se podem rever, e gera empatia. E fica enraizada na mente, ajudando os consumidores a pensar e agir. Até marcas com grande investimento publicitário acabam descritas forma simplificada pelo consumidor. “Barca velha? É o mais caro e exclusivo vinho português”; “Mateus? O rosé famoso em todo o mundo”; “Casal Garcia? A alegria do vinho verde”, “Moet & Chandon. O grande champanhe francês”…
Princípios do Storytelling: centre-se no essencial, fuja dos clichés
Se acredita que basta alinhar palavras como “qualidade”, “prestígio”, “tradição” para cativar mais clientes, esqueça. Um cliché é uma palavra bonita mas neutra em termos de comunicação – ou seja, por ser previsível não mexe com as pessoas e, portanto, não é memorável – a menos que seja ancorada em factos convincentes. É fácil listar os variados dados sobre a região, clima, áreas de vinha, solos, castas ou o processo de vinificação. Mas isso não é uma história. Para criá-la terá de achar a sua essência e transmiti-la de forma cativante.
Como criar uma história poderosa para a sua marca? Faça este exercício
Criar uma história poderosa passa por identificar a sua essência (a sua missão e visão), definir os valores e personalidade da marca (a forma como quer ser visto, o tom a usar) e ancorar a promessa em factos verdadeiros (aquilo tem de único, que pode afirmar). Faça um “brainstorm” com a sua equipa: abra uma garrafa e dedique algumas horas a isso. Um exercício que pode ajudar é responder a estas duas questões:
1) Se o dinheiro não fosse problema, porque continuaria o projecto? (A sua visão).
2) Se tudo correr bem, como imagina a marca dentro de meio século? (A sua missão)
Outro exercício interessante é cruzar estas 3 perspectivas e procurar pontos comuns:
- Perspectiva Interna: O que torna a sua marca única? Onde cria valor? Que factos que suportam a sua promessa? (para uma promessa ser eficaz tem de ser verdadeira)
- Perspectiva do Cliente: O que interessa aos seus clientes? Tente meter-se na sua pele e registar palavras e gostos. Pesquise, siga-os no mercado, nas redes sociais.
- Perspectiva do Mercado: Veja como a concorrência se apresenta e faça algo diferenciado.
Da história à tagline, eis o melhor investimento da sua comunicação
Uma vez delineada a sua história será fácil criar uma “tagline” ou slogan – a frase de assinatura que resume a marca em três ou quatro palavras. Escrita com mais ou menos arte e criatividade (pode sempre recorrer à ajuda profissional de um copywriter), uma boa história facilita a sua vida e pode ser usada em toda a comunicação.
Mas história não é apenas o que conta às pessoas. É também o que estas lêem nos sinais que a sua marca envia – no supermercado, nos rótulos, em anúncios, no website. Do logotipo às embalagens, cada elemento deve refletir a verdade sobre a sua marca.
Rita Monteiro