Como valorizar o seu vinho nos mercados de exportação?
Pelo sexto ano consecutivo as exportações de vinho português deverão crescer. Em volume representam quase metade de toda a produção, mas em valor ainda há muito para colher…Apesar desta qualidade acima da média, o preço médio por litro exportado – 2,90€/L em 2023 – está abaixo da média mundial 3,62€/L (OIV, 2023). E muito longe da França, o maior exportador em valor, com 9,37€/L.
Portugal é o 10º exportador de vinhos (OIV), com perto de 319 milhões de litros exportados anualmente, correspondentes a mais de 928 milhões de euros. A pequena dimensão torna difícil competir em volume com a Espanha – que alcançou o topo dos exportadores com o mais baixo preço por litro – o Novo Mundo e até, no futuro, a China. Felizmente o mundo do vinho não se esgota na quantidade.
A qualidade por si não basta, há que saber comunicá-la.
Fruto do trabalho dos produtores e do setor, a qualidade dos vinhos portugueses tem sido reconhecida pelos principais críticos mundiais. Em 2014 Portugal foi o país que teve maior percentagem de vinhos com 95 ou mais pontos na Wine Spectator. Em 2015, na avaliação que esta revista fez a 17.643 vinhos, nenhum dos 341 vinhos portugueses apresentou uma pontuação abaixo de 80 pontos. Apesar desta qualidade acima da média, o preço médio por litro exportado – 2,90€/L em 2023 – está abaixo da média mundial 3,62€/L (OIV, 2023). E muito longe da França, o maior exportador em valor, com 9,37€/L.
Descubra as aspirações de cada mercado e prepare-se para colher mais valor
É verdade que os vinhos portugueses têm uma mensagem “complexa” para passar aos consumidores, com cerca de 250 castas, 14 regiões e dezenas de sub-regiões que são desconhecidas para a maioria das pessoas. Mas esta diversidade é também um trunfo, junto a origem no ambicionado “Velho Mundo”. Há perfis de vinhos e histórias para todos os gostos – do “baixo teor de álcool do vinho verde” à intensidade dos famosos vinhos generosos – basta escolher e clarificar a mensagem que mais se adequa a cada mercado.
Brasil, Angola, China – Ofereça de status e confiança
O que têm em comum países tão distantes? Todos têm uma classe ascendente que descobriu recentemente o prazer do vinho. O vinho mais desejado é caro, tinto e europeu. A razão é simples: o vinho é um símbolo de status, buscam a sofisticação e o romance que vêm no cinema. Nestes mercados a prioridade é a confiança. A Decanter constata que na China, onde abundam as falsificações, os consumidores suspeitam de rótulos “modernos”. Rótulos tradicionais, origem europeia, acabamentos luxuosos podem ser fatores de sucesso.
Países nórdicos – Valorize a sobriedade e sustentabilidade
No mercado escandinavo -Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega – as vendas estão centradas em monopólios estatais como a rede Alko. Os consumidores de vinho são muito sensíveis ao preço e, ao mesmo tempo, estão preocupados com o impacto social e ambiental dos produtos que compram. A ética protestante recusa a ostentação e prefere a clareza e a simplicidade (pense IKEA). Aposte na imagem limpa, moderna, clara, em garrafa ou em BIB.
EUA e Canadá – Alimente a sede de descoberta
Na América do Norte ser um vinho do “Velho Mundo” continua a ser um fator muito valorizado. Mas tanto o Canadá como os EUA são mercados jovens e abertos a experimentar novidades. Aqui os vinhos portugueses têm sido bem acolhidos pela crítica. É o caso dos verdes que, pela sua frescura e “baixo teor de álcool” ganharam adeptos. Diferenciar-se pela proposta única, dar a conhecer e saborear castas desconhecidas pode ser o caminho para o coração do consumidor.
“Mercados da saudade” – Com orgulho do que é português
Impulsionada por novas gerações de emigrantes, a exportação de produtos portugueses para os chamados “mercados da saudade” está a bater máximos históricos e a renovar-se. Hoje, além do clássico bacalhau e azeite, procuram-se pastéis de nata, alheiras gourmet, rissóis, torresmos, atum, café … E vinhos, claro. Em França, Reino Unido, Suíça nascem lojas dedicadas às marcas nacionais. As saudades pedem marcas portuguesas clássicas, mas também novas experiências e pela primeira vês assumem o orgulho de ser português.
Artigo publicado na edição nº42 da revista Enovitis/Oleavitis
Para saber mais , clique aqui.